Capítulo [1][2][3][4][X]
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Eu não fiquei muito tempo parada, meu treinamento era totalmente contra isso. Mais silenciosamente o possível, fui correndo por onde ladrão tinha levado Spacy. Quando eu o capturasse e o entregasse junto a sua quadrilha para a agência, ia exigir uma verba extra, isso é um rebaixamento! Eu só faço investigações de alto nível, contra bandidos perigosos, e fui rebaixada a correr atrás de ladrõezinhos? Fala sério.~~~~~~~~~
O final do corredor acabava em uma garagem. Não tinha mais sinal de Spacy, mas o cara que a capturou estava lá, do outro lado da garagem me esperando. Olhei para os lados procurando qualquer coisa que me ajudasse em uma luta contra ele. Ele puxou uma espada e veio andando, com um sorriso malicioso no rosto, até mim. Posicionei-me em modo de ataque, mas pronta para me defender, se precisasse. Ele me avançou com um golpe. Eu me esquivei, escorregando por baixo dos braços dele até metade da garagem. Ele pareceu um bêbado, olhando para os lados. Aproveitei o momento para ir até o final da garagem, onde tinha um estoque de espetos. Peguei um pontudo e voltei a posição de luta.
Nossa luta – se eu puder chamar a performance dele como bêbado de luta – foi rápida e vitoriosa, para mim, obviamente.
-Onde está Spacy?
-Escondida.
Eu apertei minhas unhas contra a cabeça dele e puxando seus cabelos.
-A-ONDE-ESTÁ-SPACY?
-EU JÁ DISSE!
Dessa vez não fui boazinha, fechei minha mão em punho e acertei o nariz dele. Muita técnica, sinônimo de muito sangue escorrendo ali. Me afastei dele com nojo e fui atrás do resto das pessoas.
A casa estava repleta de barulho. Com certeza seriam em muitos. Ninguém sabia a minha existência ali. Me escondi perto da escada e puxei o celular, discando o número do chefe.
-Hey, Chefe? Problemas.
-Tenho mesmo que alugar o terno para seu casamento?
-Seu idiota maluco biruta! Você sempre soube da verdade né? Sempre soube que Jeffrey não era um ladrão.
-Sim. Mas eu não ia querer perder a nossa melhor agente.
-A agência não vai me perder, ela só vai se livrar de mim quando ela falir.
-São quantos aí.
-Pelo barulho, sete. Oito, na verdade, mais um está desacordado.
-Sete? Só? E você está me pedindo ajuda?
Antes de eu responder, Spacy soltou um grito do andar de cima. Meu corpo girou automaticamente e comecei a subir as escadas. Levei novamente o celular ao ouvido.
-Chefe?
-Vou mandar uns agentes, mas só porque vai se casar depois de amanhã.
Não respondi, apenas desliguei o celular. Sem querer, lágrimas escorriam. Eu não sabia exatamente por que. A última vez que eu chorei foi na minha formatura do ensino médio. Nem na morte da minha mãe e da minha irmã gêmea eu chorei. Abri a porta do quarto de visitas – onde tinha mais movimentação – e vi Spacy jogada no chão desacordada e dois caras revirando tudo. Peguei ar por meio segundo e virei o espeto que segurava, passando a segurar na lâmina, para que eu pudesse bater com força a parte da base na cabeça de um, que caiu desacordado. O segundo me olhou e riu novamente. Apertei mais forte o espeto e o ataquei, mas ele se esquivou. Minha raiva era tanta que eu soltei o espeto e o pus desacordado no chão com as mãos mesmo.
Analisei os dois desmaiados no chão.
Pouca técnica, sinonimo de pouco sangue. Suspirei com tristeza. Olhei para Spacy e me ajoelhei ao lado dela.
-Ai Caramba!
Spacy tinha um corte ao lado de sua sobrancelha esquerda que sangrava. Fiz uma careta e levei a mão ao machucado para tirar o excesso de sangue ali.
Sujei mais ainda. Minhas mãos estava cortadas, por causa do espeto. Fiz outra careta, mas não tive muito tempo. Ouvi passos na escada. Deslizei para baixo da cama, me escondendo. Os passos eram de sapatos sociais, faziam o mesmo barulho do meu salto. Prendi a respiração. O espeto estava longe de mim. Comecei a xingar a mim mesma mentalmente por não ter trazido nenhuma arma. Fechei os olhos e novamente senti as lágrimas escorrendo quente dos olhos. Senti mais raiva por isso. Saí de baixo da cama, peguei o espeto e fui em passos largos até o corredor.
O Chefe estava ali, com seus cabelos brancos felpudos. Ele parou, chocado com meu estado.
Não era por menos. Eu estava descabelada, chorando, e com um ódio no rosto que provavelmente estragara totalmente com minha carinha linda.
-Chefe...
Soltei o ar com alívio, me apoiando na parede e soltando o espeto.
Quatro homens – Agentes - saíram de trás dele.
-Você está péssima Sarah.
-Tem um cigarro?
-Mas não no humor – Ele me entregou um cigarro e um isqueiro – Spacy?
-Desmaiada no quarto de visitas.
-Você sabe que podia ter resolvido tudo isso rapidamente...
-Se o Senhor não tivesse botado caraminholas na minha cabeça, maybe.
-Isto ficará entre nós.
-Cuide de Spacy, não quero ter que arrumar uma madrinha de casamento a essa altura do campeonato.
-Te vejo no altar.
Eu soltei a fumaça do cigarro e olhei pra cara dele.
-Se o senhor não for, eu pego qualquer um para ser meu padrinho. Então, não se sinta tão importante.
Ele riu com seu jeito bondoso de chefe mau e foi ver Spacy.
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