JESSICA CARVALHOEu realmente não conseguia contar meus batimentos cardíacos. Minha mão suava compulsivamente, como meu coração batia sem o menor controle.
-MÃÃÃÃE!
Gritei pela quinta vez. Minha mãe entrou pela porta correndo para ver se tinha acontecido algo, eu não tiro a razão dela, com certeza e tinha feito no mínimo o Saint Darlan inteiro me escutar.
-Hey, Jessie! Calma garota.
-Calma? Mãe! Eu vou me casar.
-É vai sim, e não é a essa altura que você vai deixar Jean. Daqui a pouco ele está chegando ao altar.
-Que? Ele não veio ainda? Ai, ele não vai vim...
Me sentei na cama definitivamente me desesperando. Lágrimas começaram a escorrer. Minha mãe, como qualquer outra pessoa também faria, puxou uma toalhinha e secou minhas lágrimas dizendo que minha maquiagem ia borrar. Respirei fundo e tentei me concentrar em Jean.
-Professora? Jessie?

Erguei meus olhos, estranhado muito o chamado de ‘professora’, porém, eu reconhecia a voz, porém, eu reconhecia a voz. Era inconfundível, como para qualquer pessoa sintonizada de Portugal, era Maiana Kastelli.
-Maia? Nossa, você veio! Como conseguiu subir?
-Ah Professora – Disse ela fechando a porta e deixando minha mãe de boca aberta para trás – Você acha realmente que alguém me barra?
-Nem que não fosse famosa.
-É, também tem essa.
Ela veio com seu jeito malandro de ser e me abraçou, surpreendentemente, tomando cuidado com meu vestido.
-Você está linda Professora. Jean a merece.
-Obrigada Maia, você também está linda, como sempre.
Apenas a presença dela já me acalmava. Era alguém ligado a mim, mas não tão intimamente, na medida certa.
Minha mãe entrou novamente sorrindo para Maia, que não ligou muito e rodopiou parando na frente de um espelho.
-Jess, filha, está na hora.
-Ôpa, Maiana está de saída. – Maia rodopiou novamente, parando dessa vez na minha frente – Te vejo lá embaixo.
-‘Té... – Sussurrei fraca me levantando, por um momento pensei que minhas pernas não iam me aguentar. – Vamos.
JEAN CARDOSOEstava se tornando insuportável o barulho do relógio, que a única alternativa que vê pela frente foi jogá-lo embaixo do travesseiro nervosamente. Este era outro ponto que u podia tirar o chapéu para as mulheres, – em especial Jessie – elas eram calmas. Com certeza Jessie estaria muito calma naquela mesma hora.
Um grito que reconheci sendo de Jessie chamando sua mãe me fez levantar a cabeça olhando sem emoção para a parede à minha frente.
-Ele deve ter se irritado com a mãe dela. – Disse vagarosamente para meu filho, Guilherme – Minha sogra anda muito ansiosa.
-Sério? – Ele perguntou sem absolutamente nenhuma emoção, parecia preocupado.
-Que foi Guilherme? Eu que vou me casar e você que ta aí no canto preocupado.

-Nada. – Disse ele sem desviar o olhar da janela – Oh, Maiana veio.
-Que bom – Eu disse sem prestar atenção, atribuindo a mesma tonalidade de Guilherme à minha voz.
Eu nunca pensei que casaria tão cedo. Okay, eu estava com Jessie faziam dois anos, eu já chegara a casa dos 30 e ela em alguns anos também estaria ali. Tínhamos adotado Guilherme, mas ele já era independente o bastante. Até já estava trabalhando!
-Hey, como está lá no camping?
-Legal – Respondeu ele da mesma maneira.
Me levantei rápido e dei um tapa em sua cabeça.
-Hey! Não desconta em mi viu? – Disse ele finalmente desviando o olhar da janela e passando a não a onde eu bati – Não tenho culpa nenhuma.
-O que há com você? Voltou a fumar?
-Não, claro que não. – Ele se desviou de mim mexendo em sua gravata - Ta doido?
-Nada eu já disse!
-Você não está me ajudando em nada!
-Caramba... – Ele murmurou com raiva indo abrir a porta, mas alguém a abriu antes – Eta, é pra você Diretor.
-Quê? – Olhei para a porta. Era Edmundo, meu amigo de infância – Que oi Ed? Algo com a Jess?
-Não. Está na hora Brow.